A Missão Paz, representada pelo José Carlos Pereira, editor da revista Travessia, participou de uma visita técnica seguida de uma roda de conversa no Museu da Imigração no estado de São Paulo, para debater e apresentar sugestões sobre a narrativa expográfica da atual exposição de longa duração “Migrar, experiências, memórias e identidades”.
Durante a visita técnica, pode-se ver e tomar notas sobre objetos, vídeos e fotografias que narram as histórias e experiencias dos imigrantes nacionais e internacionais que passaram pela então Hospedaria do Imigrante (1887-1978) e que, mais tarde (1993), viria a se tornar o Museu do Imigrante.
Durante a roda de conversa, foram propostas quatro perguntas aos participantes.
- Na atual exposição de longa duração, quais grupos não têm retratadas as suas experiências migratórias?;
- que âmbitos da vida (trabalho, lazer, vida familiar, entre outros) estão representados na exposição e de que maneira?;
- de que maneira o acervo museológico está acionado dentro da narrativa expositiva?;
- de que maneira a diversidade está retratada na atual exposição de longa duração?
Além da Missão Paz, outras instituições (OIM, CRAI, CDHIC, SMDHC-SP) e organizações que oferecem serviços a migrantes em microterritórios (bairros) também participaram.
Diversas sugestões foram apresentadas na roda de conversa, dentre elas:
- pensar uma narrativa da exposição que apresente o contexto histórico, político e econômico em que ocorreu boa parte da imigração europeia, com enfoque para a substituição dos trabalhadores negros escravizados pelos trabalhadores imigrantes europeus brancos nas fazendas de café;
- uma narrativa que vá além do olhar de quem promoveu a imigração, e que sejam retratados os olhares, experiências e memórias dos próprios migrantes;
- apontar para a política migratória subsidiada pelo Estado, com o objetivo de garantir trabalhadores assalariados para a lavoura cafeeira mas, também, de promover o branqueamento da população brasileira;
- mais representatividade para a migração nacional que também contribuiu para a industrialização, urbanização, diversidade étnica e cultural (música, culinária, literatura, artes etc.) que compõe o rosto multifacetado de São Paulo;
- a atuação das mulheres migrantes no processo de urbanização e organização social nas periferias da cidade;
- mais destaque para a migração indígena etc.;
- a maior diversidade étnica da migração contemporânea e suas motivações.
A roda de conversa foi realizada em 26 de agosto/2022 e faz parte de um processo de diálogos promovidos pelo Museu da imigração com os seus parceiros e grupos de imigrantes. O objetivo principal é fazer-se representar, com maior consistência, na exposição de longa duração “Migrar, experiências, memórias e identidades”, as contribuições, a diversidade étnica, cultural, social, política, econômica dos migrantes para o estado de São Paulo.